Tripa Mijona
“É SÓ DIZER PERLIMPIMPIM”
Não!
As “Tripa Mijona” são autênticas senhoras da percussão tocada por completo em português. Assumem-se como o único grupo de “axê” constituído apenas por mulheres no país e talvez em todo o Mundo e não querem ser reconhecidas pelas suas formas físicas mas pelo seu mérito e talento. Um conjunto enérgico e com categoria a não perder em Sesimbra. No feminino.
Sesimbra é um dos destinos eleitos por muitas famílias e grupos de amigos para assistir, participar e brincar ao Carnaval.
Para além da folia nocturna, dos inúmeros mascarados, das guerras de balões e dos bailaricos, as festas do Entrudo são planeadas com muita antecedência, com muita azáfama e com muito amor. A solidariedade carnavalesca que existe entre as gentes da Vila foram visíveis na noite em que o Nova Morada se deslocou até ao armazém de localização desconhecida onde as “Tripa” ensaiavam... todos os inquiridos souberam explicar onde decorriam os treinos, todos se mostraram interessados por colaborar e mais curioso ainda, todos acrescentaram que “esta noite elas estão a ensaiar”. O motivo para tal reputação pode estar relacionado com o ruído dos batuques que ecoavam na noite de Sesimbra, mas também ficou claro que as “Mijona” são um orgulho para os “pexitos”.
Foi entre períodos mais silenciosos e estridentes que conseguimos entrevistar Paulo Guerra, um dos dirigentes do grupo e Eloísa Santos, a escritora do enredo.
Paulo Guerra – Eu ajudo um pouco na aprendizagem dos toques e na elaboração da letra. Colaboro no que for possível, em conjunto com o Apolónio Alves que é o mestre da bateria.
PG – Sim, tocamos ao ritmo “axê” que é um ritmo típico da Bahia que mistura um pouco do samba com o batuque africano e para além da percussão também é acompanhado por cavaquinho e vozes.
PG – Foi em 2003, mas o primeiro ano de desfile foi em 2004.
Como nasceu a ideia?
PG – Nasceu de um projecto que pertence à “Tripa Cagueira”, que foi fundada em 1996. No início tínhamos muitas pessoas do sexo feminino que queriam participar mas o grupo é só de homens, essa foi uma das nossas regras iniciais. Como os pedidos das mulheres foram tantos decidimos criar um projecto só para elas.
PG – Foi uma brincadeira! Não tínhamos nome para dar e já que nós éramos os “Tripa Cagueira” elas, como eram raparigas, ficaram as “Tripa Mijona”... Foi um nome escolhido na brincadeira mas para as manter associadas à nossa actividade.
PG – Eu digo de Portugal e aposto que até de fora do Brasil o seja em todo o Mundo. È um pouco difícil de confirmar porque não conhecemos o Carnaval de todos os outros países... em Portugal, tal como a “Tripa Cagueira” é o único grupo constituído apenas por homens, o “Tripa Mijona” é aquele que é só de mulheres!
PG – Só portuguesas!
PG - Não! O Carnaval de Sesimbra não dá nome a vedetas, aqui as vedetas somos todos nós!
Eloísa Santos - Este enredo refere-se ao “Sítio do Picapau Amarelo”, uma história criada pelo Monteiro Lobato, no Brasil. Acho este conto infantil muito interessante, porque até os mais antigos o conhecem... É uma história muito bonita e a boneca Emília, que era quem mais caracterizava o tema, foi aquela em nos retratámos!
ES - Cerca de um mês, precisámos de muita pesquisa para não errar em nada...
ES - Sim, no primeiro ano foi apenas batucada e a partir do segundo já houve canção e tema...
ES - No primeiro ano foram o Paulo Guerra e o Apolónio, com a nossa ajuda, no segundo ano fui eu mais quatro amigas e este ano fui eu sozinha...
ES - Sim e já há muito tempo que os chateava para fundarem os “Tripa Mijona”...
ES - Não! Este ano somos 57 e é o ano em que temos mais pessoas! Rondamos sempre as 50, 51 ou 52, dos 3 aos 50 anos!
ES - Claro que não, a dificuldade é igual!
São três vezes, quartas, sábados e domingos.
ES - Desde Outubro, Novembro... tivémos de pôr as ideias em cima da mesa, discutir o tema, elaborar e construir a letra e ensaiar...
ES - Acho bem, uma vez que estamos associadas a eles... Além disso, até à data não houve ninguém do sexo feminino que elaborasse um trabalho como o do Paulo, por isso concordo. No dia em que surgir uma mulher, ele é posto de lado (risos)...
Num evento destes é imprescindível o apoio masculino... O Apolónio é a pessoa indicada para nos ajudar e até à data ainda não apareceu uma mulher com capacidade para nos encaminhar nesta tarefa. Para além disso, o que nós sabemos, aprendemos com eles!
ES - Podemos vir a ser contactadas para alguns espectáculos mas até à data ainda não agendámos nada, apenas o desfile de Verão!