14.5.07

Igreja Paroquial de Santo António de Campolide
“A CAIR AOS BOCADOS”!

Pesada é a cruz que os párocos da Igreja de Santo António de Campolide têm vindo a carregar!
Volvidos 14 anos de ser distinguida como imóvel de interesse público pelo Instituto Português do Património Arquitectónico – IPPAR, a antiga capela setecentista permanece em busca de apoios para avançar com as tão necessárias obras de recuperação. Servindo de rosto às traseiras da Universidade Nova de Lisboa, a Igreja tenta resistir às investidas do tempo e do esquecimento de aquém de direito e nem a faixa gigante que lhe reveste o topo e alerta que está “a cair aos bocados” convence os (in)fiéis: é urgente reabilitar esta “Maravilha”!

Escondida entre prédios, mas num topo distinto, a Igreja de Santo António de Campolide tenta alertar os transeuntes com uma faixa que indica “a cair aos bocados”.

Para além dos andaimes que contrastam com a beleza do espaço interior, maior é o choque ao subir as escadas e aceder ao primeiro andar. No topo, uma estrutura de rede impede que o tecto caia sobre a cabeça de quem ali teve catequese mas que por motivos de segurança já não a tem.

Ao abrir uma nova porta, a surpresa é maior. Por um lado, madeiras empurram os vidros “por causa do vento”, por outro os baldes que recebem a chuva acumulam-se nas diversas salas... na antecâmara da galeria, buracos no tecto; na capela baptismal, idem-aspas; no coro, humidade...

João Nogueira é pároco na Igreja há quase 9 anos e desde então tem vindo a lutar pela recuperação da infra-estrutura.

“A Igreja é propriedade do Ministério das Finanças, da Direcção Geral do Património”, declarou o padre, que já procurou apoio diante dessas entidades como também da Câmara Municipal de Lisboa e do IPPAR, mas apesar das tentativas a resposta concreta tende a não chegar, “só nos papéis”...

À semelhança do que aconteceu com o Jornal do Bairro, a faixa de reclamação já suscitou a curiosidade de outros orgãos de informação, como foi o caso da “RDP, do Público ou da RTP1, com o programa Regiões”, mas nem a divulgação de tal abandono parece trazer resultados!

“Para a cobertura seriam necessários de 80 a 100 mil euros” avançou o padre, “mas há muito mais a recuperar”!

Apesar de, em 1993, ter sido distinguida como imóvel de interesse público pelo IPPAR, “em ’98, quando cá cheguei, a degradação já era acentuada” e “desde os anos ’80 que o meu antecessor tentava avançar com obras de recuperação”.

A missa que João Nogueira ali celebra, às 18:30 horas de segunda a sexta-feira, conta com uma população maioritariamente idosa, se bem que o domingo sirva até cerca de 180 pessoas, que assistem à missa paroquial.

Poucos mas bons e apesar da degradação visível, o pároco defende que “o importante é resistir”, tal como tem vindo a fazer ao longo de anos de luta frustrados...

Provedor da Justiça adverte Ministério das Finanças

Entre as inúmeras tentativas de apelo às obras, o padre João Nogueira contactou o provedor da Justiça, cuja resposta foi divulgada aquando o fecho desta edição. Segundo a Agência Eclesia, o provedor avançou com uma recomendação ao Ministério das Finanças, para que este encontre uma solução urgente para a realização de obras.

“O pároco recebeu a recomendação do provedor como sinal de que há quem se preocupe com a degradação do edifício, mas acrescentou que o proprietário do imóvel já admitiu que não há dinheiro” avançou a Eclesia.

De acordo com a mesma fonte, “o sacerdote acrescentou que o processo para a realização de obras avançou ainda no tempo em que Pedro Santana Lopes estava na Câmara de Lisboa, mas que parece ter parado assim que houve uma mudança no Município”.

Contactada pelo Jornal do Bairro, Rita Magnini, assessora da Direcção Geral do Património, não avançou quaisquer esclarecimentos quanto a obras ou intervenções previstas.

Jornal do Bairro, Edição 8, 11 Maio 2007