Passadeira rolante
“PERNAS, PARA QUE VOS QUERO?!”
A passadeira vermelha que liga as estações de Alcântara-Mar e Alcântara-Terra mantém a sua cor, habitual em desfiles de vedetas, mas perdeu a sua razão de existência: rolar.
O alerta foi dado por uma leitora do Jornal do Bairro, revoltada por ver a passadeira rolante “desactivada”, “coberta de lixo” e invadida por “gatos” e mesmo “ratos” em frente ao Pingo Doce.
O JB dirigiu-se ao local e verificou que apenas uma escada para subir permanece activa, o que poderá iludir os deficientes motores que iniciem a ascensão e que se deparam com uma descida sem qualquer suporte motor, como seria de esperar, não sendo sequer visíveis avisos ou esclarecimentos quanto a esta realidade.
Há já alguns anos, várias vozes levantaram-se contra a existência da passadeira, cuja manutenção seria considerada insustentável, apontando para um valor de cerca de um milhão de euros anuais, despesa esta não confirmada pelo JB.
Fontes da Junta de Freguesia de Alcântara e da Câmara Municipal de Lisboa demarcaram-se desta questão apontando obrigações à Rede Ferroviária Nacional - Refer, entidade que alegadamente estará responsável pela infra-estrutura. Após algum compasso de espera e até à hora de fecho desta edição, o gabinete de Comunicação da Refer ainda não refutara os seus argumentos.
A verdade é que as respostas concretas tendem a chegar e a passadeira continua a ser utilizada por peões e por “graffiters” ainda “toys” (inexperientes), que aproveitam para ali deixar as suas marcas.
Para além das diversas pinturas, muitos dos vidros estão partidos e a passagem utilizada para atravessar a avenida de Ceuta para o outro lado, junto ao “Café-Café”, encontra-se interdita por faixas de segurança da Refer.
Na parte inferior da passagem aérea existe ainda uma antiga linha que serve esporadicamente comboios de mercadorias, mas a presença da vida nocturna local é mais marcante, pelo menos a julgar pelas garrafas de vidro que se multiplicam e juntam ao imenso jardim “bravo” que com alguma subtileza ali tende a florir.
Jornal do Bairro, edição nº 3, 2 Março 2007