21.4.08

Pequenos jogadores cobiçados pelos grandes
ADQC NO MAPA DO FUTEBOL DISTRITAL

A Associação para o Desenvolvimento da Quinta do Conde (ADQC) está colocada no mapa Distrital do Futebol. Se por um lado “somos o quarto Clube com mais atletas inscritos na Associação de Futebol de Setúbal”, conforme garantiu Joaquim Tavares, presidente de Direcção ao Condense, é aqui que se têm vindo resgatar jogadores para integrar equipas de destaque a nível nacional.

Algumas semanas após a demissão em bloco da direcção da ADQC, um rebentar de bomba que fez manchete em toda a Comunicação Social do Distrito, a primeira Colectividade da Vila prossegue o seu percurso, cada vez mais direccionado para o Desporto. Joaquim Tavares recorda que a Associação conseguiu o feito de passar à frente “de clubes com muito mais história e nome do que nós”.

A “epopeia” iniciou em Agosto de 1974, quando um grupo de moradores da então clandestina Quinta do Conde formou uma Assembleia Democrática com o fim de debater vários problemas locais como a falta de água e de electricidade. Cerca de duas centenas de pessoas responderam ao primeiro chamamento, um contributo que veio dar origem à criação da ADQC. Durante ano e meio, a Associação esteve responsável por um conjunto de medidas que visavam apoiar a população, encarregando-se da distribuição domiciliária de correio, da gestão da água e criando o primeiro Posto de Saúde e Escola Primária na zona.

A ADQC passou por diversas sedes provisórias até que em 1984 se conseguiu fixar na Avenida de Negreiros, onde tem hoje o complexo desportivo.

No momento da sua criação, os estatutos determinavam que a missão da ADQC seria "colaborar na promoção sociocultural e económica dos moradores da Quinta do Conde”, propondo planos “para a criação de infra-estruturas de interesse colectivo, como sejam o estabelecimento ou o melhoramento da rede de água potável, electricidade, esgotos, instalação de correios, telefones, escolas, bibliotecas, mercados, jardins, ou ginásios”.

Esses fins foram rapidamente alterados, decidindo-se que as tarefas de carácter urbanístico ficariam a cargo das Comissões de Moradores, enquanto para a Associação ficava a promoção de Desporto, Cultura e Recreio.

Actualmente, a ADQC conta com cerca de 220 atletas mais 50 pessoas envolvidas, desde directores a treinadores e massagistas.

A idade dos jogadores vai dos 5 ao escalão sénior, “alguns de vinte e tal anos”, mas a grande percentagem situa-se na formação, dos 5 aos 18 anos. A Associação conta ainda com duas equipas séniores, uma de futsal e outra de futebol 11.

Porque “o futebol já não é como era dantes”, para além das quotas dos sócios, também os atletas da ADQC pagam uma mensalidade, “não tão grande como nas escolas de futebol”, mas que permite à Colectividade suportar “dez jogos por fim-de-semana, 5 em casa e 5 fora”. Conforme Joaquim Tavares explicou, os jogos em casa têm custos com taxas de arbitragem, treinadores, massagistas e até mesmo electricidade, esta, “que ao fim do mês é uma fortuna”.

Para além da Câmara Municipal de Sesimbra, um “parceiro fundamental”, os patrocinadores são grandes apoiantes desta causa, uns pagam em dinheiro e outros em géneros. “Passo a publicidade, mas tenho de dizer isto, há já alguns anos que o Super Mimo oferece mais de cem lanches por fim-de-semana, o que nos ajuda bastante”, afirmou o presidente de Direcção.

3 décadas volvidas sobre a fundação da ADQC (e até mesmo da própria Quinta do Conde), os mais recentes adultos da terra são os primeiros miúdos que aqui cresceram e que conseguem vestir a camisola da casa sem trair outras raízes.

De forma a assumir um papel emblemático na Vila como acontece noutras colectividades com história, “chegou a altura de aproveitar os atletas que já cá chegaram há muitos anos para treinadores, directores” e para transportarem “esta mística que no fundo acontece em todos os outros Clubes”. Na opinião de Joaquim Tavares, “é assim que se passa a camisola às próximas gerações, porque foi aqui que jogaram, que participaram” e há que dar continuidade a este capítulo.

Ringue e Campo de Futebol 11
COM RELVA, TALVEZ NO VERÃO

Joaquim Tavares é natural do Concelho de Portalegre. Chegou à Quinta do Conde há cerca de 8 anos e contactou com a Colectividade através do filho, que ali começou a jogar futebol. Ainda que já se tivesse ligado ao movimento associativo no Concelho do Seixal, “não cheguei à ADQC com a intenção de ser dirigente”, explicou, mas “comecei a colaborar com a equipa onde ele jogava, depois com o departamento de futebol e numa terceira fase avancei para a candidatura à liderança, uma vez que o presidente que então cá estava decidiu abandonar” o cargo. Foi assim que, em 2003, Joaquim Tavares acabou por assumir os destinos da Associação.

Desde então, as prioridades têm incidido no melhoramento das infra-estruturas, como balneários, campos, iluminação e sistema de banhos.

Outra das apostas da ADQC relaciona-se com a construção de umas piscinas na Vila. O projecto tem vindo a progredir com a lentidão habitual que as burocracias de tais iniciativas acarretam. Segundo Joaquim Tavares, a infra-estrutura “está dependente da CCDR (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo)”, cuja resposta, até à data, era desfavorável porque os terrenos se situavam em Reserva Ecológica Nacional (REN). “Com a nova situação da aprovação do Plano de Urbanização da Quinta do Conde, vamos ver se desta vez a CCDR nos dá um parecer favorável e se ficaremos em condições de fazer a candidatura ao financiamento”. Caso a resposta seja positiva, “aí sim, poderemos então lançar o concurso”.

O que “por vezes acontece noutros locais, ninguém gosta e que não é positivo para as associações”, aconteceu há cerca de um mês na Associação para o Desenvolvimento da Quinta do Conde: a Direcção demitiu-se em bloco.

Porque “há que dar a volta às situações”, a Colectividade foi a votos e contou com a presença de 119 sócios, as eleições mais concorridas de sempre. Joaquim Tavares foi reeleito com 64 votos, contra os 53 de Aníbal Mendonça, 1 voto em branco e outro nulo.

O ano passado, “porque já tinha cumprido 2 mandatos e senti que já tinha dado o meu contributo, pensei que seria a altura de sair”. A intenção de não se recandidatar não foi avante, pois “não apareceu ninguém que se decidisse a assumir os destinos da Colectividade”. Joaquim Tavares “não queria deixar cair a ADQC e continuei”. Algumas das pessoas transitaram do mandato anterior, outras foram convidadas a integrar a equipa. Ainda assim, “chegou a uma altura em que não nos estávamos a entender, não estavam a ser seguidos determinados princípios essenciais para se trabalhar em equipa, tive algumas conversas com as pessoas e achei que não tinha condições para continuar”. Segundo o presidente, “tem de haver confiança, lealdade e um conjunto de princípios da minha parte para os outros e dos outros para comigo”. Foi então que Joaquim Tavares optou pela demissão em bloco, deixando clara a sua intenção em se recandidatar, afinal “tinha passado a oportunidade de sair”.

Para já, os projectos mantêm-se “e não há muito que inventar”. O ringue irá beneficiar de relva, um factor “essencial e estratégico” e que irá constituir uma nova fonte de receitas, já que o espaço poderá vir a ser alugado e irá dar “uma nova vida às nossas equipas que aqui vêm treinar”.

Também o relvado sintético no campo de futebol 11 “é absolutamente fundamental”, uma obra que terá o apoio da Câmara Municipal na colocação da relva. O processo eleitoral veio atrasar a colocação do piso sintético, já que a candidatura para o financiamento da base ficou comprometida, mas é urgente e talvez, na melhor das hipóteses, o campo possa ficar mais verde ainda neste Verão.

PUPILO DA ADQC ASCENDE AO SPORTING

Nos últimos anos, a ADQC passou a ter algum destaque no panorama desportivo da região sadina. As equipas aguentaram-se até às fases finais dos campeonatos, subiram de Divisão e chegaram mesmo a conquistar troféus de disciplina. “Hoje estamos no mapa e somos uma das potências no futebol Distrital”, declarou Joaquim Tavares.

Em 2007, a equipa de Infantis conseguiu o 4º. lugar, “o que em 65 equipas é um lugar considerável”, factor que tem contribuído para que alguns dos atletas abandonem o berço e sejam resgatados para equipas de maior gabarito.

Para além dos jogadores que foram apanhados pelo Vitória de Setúbal e que “têm condições para lá ficar”, outros “têm sido muito cobiçados”, como é o caso de Michael Santos, actual júnior no Sporting Clube de Portugal (SCP).

Com apenas 17 anos, Michael Santos é defesa esquerdo no SCP. O presidente da ADQC acredita que o jovem leonino se vai afirmar havendo mesmo quem, em fóruns da modalidade, o pressagie futuro jogador na Selecção Nacional.

Um futuro Rei Leão, com carimbo quintacondense...

O Condense, edição nº. 37, abril 2008