1.4.07

Carnaval na Quinta do Conde
POUCA PARRA, MUITA UVA!

Enquanto Sesimbra voltou a ser palco de um dos mais importantes desfiles de Carnaval nacionais, com especial destaque para o corso - único no país - a acontecer junto ao mar e para o maior cortejo de palhaços do mundo, a Quinta do Conde festejou a efeméride com poucas verbas mas com bastante animação.

Por volta das 14 horas da tarde de domingo, a promessa de um desfile carnavalesco era já visível nas imediações da Junta de Freguesia da Quinta do Conde. Crianças mascaradas distraíam-se no jardim infantil enquanto adultos mais e menos curiosos circundavam o espaço. Pouco depois, o grito estridente de motas conduzidas por gente mascarada e sem capacete, às claras e perante a fiscalização da Guarda Nacional Republicana. Pouco depois, a irregularidade viria a ser fundamentada...

Conforme anunciado por fonte da Junta de Freguesia, o desfile estaria a cargo do movimento associativo local e os motards não faltaram ao chamamento.

Foi o grupo “El Conde” que fez as honras da casa e iniciou o seu desfile de motos em que não faltaram crianças nem camisolas munidas de cruzes com oito pontas, tal emblema da Ordem dos Cavaleiros de São João e que é também muito usada em condecorações.

Apesar do magro financiamento que promoveu a festa local, as forças vivas da Quinta do Conde desfilaram pela avenida 1º. de Maio brincando com algumas situações e necessidades reais da população. A presença de cabeçudos moldados em gesso foi substituída por gigantes que caminharam sobre andas e na ausência de padrinhos requintados foi um casal de jovens noivos que sentados numa carroça coberta de palha distribuiram beijos e abraços à população.

Enquanto a União Desportiva e Recreativa da Quinta do Conde contestou a urgência em construir uma passagem desnivelada na Estrada Nacional N10, Arlindo Funina, defensor habitual nas causas do Pinhal de General aproveitou o corso para, uma vez mais, dar a conhecer as suas preocupações a esse nível. Mas a sátira ultrapassou as fronteiras da Vila centrando-se também em questões nacionais como o Euromilhões, o sobreendividamento dos portugueses ou a cultura alentejana. O Grupo Etnográfico de Danças e Cantares da Região de Sesimbra apostou numa imensa lagarta humana e vários mascarados dispersos contribuiram para a animação.

Saliente-se um dos momentos mais curiosas e marcantes, que foi a participação do presidente da Junta de Freguesia no corso. Augusto Duarte vestiu a farda da vindima e conduziu o carro que publicitava a escola de Samba da Quinta do Conde, uma “maquete possível”, pouco dispendiosa e engraçada.

Um Carnaval visivelmente pobre mas mais participado do que vem sendo habitual, o que será razão para dizer que apesar da “pouca parra” colheram-se mais uvas do que seria de esperar...


Nova Morada, Edição 316, 23 Fevereiro 2007