UM SANTUÁRIO VEDADO AOS VIVOS
“A Capela chegou a ser alugada por 1$00 à Igreja de Santo António de Campolide”, facto esse confirmado por Filomena, do cartório da infra-estrutura Paroquial.
Esse escudo, na moeda antiga, “era um valor simbólico que se pagava na intenção de não deixar a Capela nas mãos dos Manás”, mas ao que tudo indica, os próprios católicos tiveram dificuldades em tomar conta da situação.
A Ermida ostenta uma cruz que se ergue no seu topo e um sino que ladeia o néon indicativo de uma farmácia, mas está encerrada e esquecida, talvez por se tratar de propriedade privada...
Apesar da Capela constar no Inventário Municipal do Património, pertencendo ao conjunto de edifícios com interesse histórico e arquitectónico da capital e que por isso, de acordo com o artigo 13º, deveria ser “objecto de normas de intervenção nos Planos de Urbanização e de Pormenor e nos actos de gestão urbanística”, não tem obras destinadas. O arquitecto do gabinete de Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa que está responsável “pelos processos que os particulares põem à sua responsabilidade” em relação a este espaço, avançou ao Jornal do Bairro que desde 2003 não existem pedidos para avançar com quaisquer trabalhos.
“A Capela não tem electricidade, água nem casas de banho e sempre a conheci fechada” esclareceu um freguês.
Segundo a revista Campolide, propriedade da Junta de Freguesia, o interior da Ermida “possui um rodapé de azulejos do Rato, a três cores, com composições alegóricas, tecto estucado e também com pinturas alegóricas. No altar, uma interessante escultura de Cristo em Marfim, ladeado por imagens de Santa. Teresa e de São Domingos. Ao fundo, um retábulo de Nossa Senhora da Conceição e sobre a pedra da Ara uma maquineta com a cabeça de Cristo coroada de espinhos. Tem ainda um púlpito e um pequeno coro. Na sacristia existe ligação com a casa solarenga que terá pertencido aos Cadavais”.
Os vizinhos abordados nunca ouviram o sino tocar nem se recordam de ali terem assistido a cerimónias religiosas, apenas alguns a visitaram há vários anos atrás! Não só o presente como também o futuro desta Ermida é incerto sendo que não foi possível contactar os seus proprietários até ao fecho desta edição.
Jornal do Bairro, Edição 5, 30 Março 2007