A Várzea do Rio Coina é, à semelhança de qualquer outra linha de água, um corredor de grande importância mas cujas margens estão bastante debilitadas e instáveis. Foi com a intenção de evitar uma catástrofe ecológica que a Liga dos Amigos da Quinta do Conde – LAQC, se uniu ao grupo “Mudar o Mundo” e em conjunto rumaram à Várzea para ali plantarem nova vegetação. Uma acção simbólica levada a cabo no passado domingo que serviu de arranque para outras iniciativas e na qual o Nova Morada não se coibiu de participar.
Foi no passado domingo, 22 de Abril e também Dia da Terra, que a LAQC e o grupo “Mudar o Mundo” se uniram à campanha “Um Bilhão de Árvores”, promovida pelas Nações Unidas e que tem em vista a plantação de mil milhões de novas árvores em todo o mundo, no ano de 2007.
Munido de enxadas, pás e até mesmo botas de borracha o grupo reuniu-se junto à Associação de Desenvolvimento da Quinta do Conde – ADQC, de manhã e à mesma hora dos jovens que chegavam para os treinos de futebol. Um número de participantes reduzido mas suficiente para cavar o terreno junto ao campo, que apesar de não ser o espaço mais problemático também pertence à Varzea e que pode mesmo servir de sombra aos espectadores que ali assistam a jogos durante o Verão.
No espaço foram plantados diversos freixos, uma amoreira e um arbusto “que no período da floração atrai grandes quantidades de abelhas e tem um cheiro muito agradável” servindo os seus frutos de alimento a rouxinóis ou espécies do género, segundo explicou José Monteiro.
De acordo com Joana Santos, engenheira florestal, a ideia “é colocar espécies ribeirinhas que protegem as linhas de água ao longo das margens”, mas porque não foi possível contactar o proprietário da área mais problemática, “uma zona em que a ribeira faz um ’s’ e que, pela avaliação feita no local, nos pareceu ideal para uma acção experimental de plantação de árvores para ajudar a suster a erosão das margens e o assoreamento do Rio”, “apostámos numa acção simbólica”, afinal “as árvores têm de ser plantadas o mais cedo possível para que se dê o seu cresciento vegetativo no Verão”, avançou o jornalista Luís Teixeira.
Depois de plantada a nova vegetação que vai servir o ADQC, o grupo seguiu para um passeio ao longo do Rio Coina. Ali, foi possível compreender a problemática da poluição no local.
“Não conheço muito bem esta Várzea, mas penso que está a servir duas entradas de esgoto” declarou Joana Santos ao NM, mas “qualquer linha de água é de extrema importância para qualquer localidade. As linhas de água são corredores ecológicos de espécies e em especial agora, com as alterações climáticas, precisamos de zonas onde as espécies se possam movimentar, pois têm o seu habitat todo fragmentado e condicionado”, explicou.
E porque “esta Várzea tem estado cheia de lixo e com pouca vegetação nas margens para a proteger, tem de ser intervencionada”. Luís Teixeira avançou ainda que “as árvores vão garantir que o Rio continua a passar por aquelas zonas, que não se vai degradar e pode mesmo evitar cheias, por exemplo”.
No decorrer da visita ao maltratado Rio Coina, o grupo “Mudar a Terra” plantou ainda algumas murtas, famosas por servirem de condimento à murtandela, no referido ‘s’ problemático.
A visita terminou com petiscada e com a promessa de regressar ao local e atacar a zona que precisa de intervenção urgente.
Colchões, bobines e esgotos no leito do Rio
“A culpa é do João Aldeia”, referiu Luís Teixeira, um dos mentores da iniciativa ao Nova Morada.
“O João costumava dar passeios pelo Rio Coina e alertou-me para o facto das margens estarem instáveis e a desmoronar-se. Decidimos então fazer um passeio de reconhecimento a nível florestal para perceber as possibilidades para as estabilizar e demos conta disso no blog”, explicou.
Foi então que Barbas Pires, membro da Liga dos Amigos da Quinta do Conde, “deu com o blog e considerou a ideia interessante”.
Conforme Luís Teixeira denunciou online, “o passeio de reconhecimento fez-nos perceber que há situações que, por mais boa vontade que tenhamos, não conseguiremos resolver sozinhos… como reverter o estado em que estão as margens ou retirar as árvores inteiras que já caíram sobre a linha de água. No entanto, há coisas que podemos solucionar e é nelas que nos vamos concentrar. O “plano de intervenção florestal” está a ser preparado pela Joana e uma das possibilidades que se avançou foi a de a acção no local incluir uma limpeza da ribeira, que no seu leito tem coisas tão invulgares como colchões e até mesmo bobines. Pode ser que assim consigamos fazer com que mais zonas da ribeira passem a ter fundos límpidos”.
Foi então que Liga e grupo ecológico se reuniram com o objectivo de levar a cabo uma acção conjunta e a decidiram para o Dia da Terra.
No blog http://vamos.mudaromundo.com é possível assistir à troca de ideias que originou esta iniciativa e motivos reais para compreender a importância que a Várzea tem para a população local.