Ano Europeu para a Igualdade dos Direitos e Oportunidades
Nova Morada, edição nº. 338, 21 Dezembro 2007
PONHA OS OLHOS NESTA CAUSA
“Poste, poste, poste”, “obras, obras, obras”, são algumas das famosíssimas expressões utilizadas numa recente campanha que apela à integração de pessoas deficientes na sociedade. O alerta chegou a uma população já sensível à ideia de ajudar o “ceguinho” a atravessar a rua, mas parece não ter atingido os responsáveis pela igualdade de oportunidades no acesso ao Ensino e ao Emprego.
Helder Siatra teve uma infância e juventude como a dos outros rapazes da sua idade, praticou desportos radicais, chegou a correr de bicicleta, apaixonou-se por camiões, divertiu-se com os amigos, namorou, teve uma filha de olhos claros e cintilantes, como o próprio... “Neste momento, tudo o que eu gostava de fazer tive de deixar de lado”.
Foi no último dia de Inverno de 2004, com 28 anos, que teve um acidente de trabalho que lhe trocou as voltas à vida e o empurrou para uma nova e encardida realidade: a da cegueira. Depois de ter visto mundos e quase fundos, tornou-se invisual e teve de aprender a assimilar cada nova informação às escuras.
O maior presente que Helder poderia desejar para este Natal, seria, sem dúvida, a visão, mas dadas as características da retinopatia diabética que o afecta e a pouca esperança depositada numa recuperação, o seu desejo é outro: o de não ser discriminado no acesso ao Emprego e o de conseguir apoios para viver “às cegas”, mas de forma activa, como rapaz novo e inteligente que é, com o mínimo de segurança e dignidade.
Tal como o Helder, muitos outros portadores de deficiência aguardam entidades empregadoras com coragem para ajudar, até porque são vários os benefícios que lhes são aplicáveis.
“O que mais me custou na altura foram os ditos amigos que me deixaram para trás…”
O acidente aconteceu num dia de trabalho. Helder caiu do primeiro andar (cerca de 5 metros de altura) de uma obra e fracturou um calcanhar. Passados 6 meses fez um tac ao pé e só então os médicos perceberam que o mesmo não tinha cartilagem. “Fui operado em Novembro de 2005, levei 2 parafusos e em Dezembro do mesmo ano a médica detectou um derrame na vista direita, que teve de ser operado de urgência”, explicou.
Foi nessa altura que a sua condição de visual lhe começou a escapar por entre os dedos, “fui operado 3 vezes, em Dezembro, Fevereiro e Abril”, o que provocou o descolamento da retina e contribuiu para que cegasse da vista direita. O ano passado Helder teve de ser operado à vista esquerda, uma intervenção que lhe retirou o último campo de visão que tinha.
“Neste momento não vejo nada, nem sequer reflexos de luz e não tenho hipóteses de tratamento, devido à retinopatia diabética”, uma doença, que como o nome indica, é provocada pela diabetes.
O acidente não provocou a cegueira directamente, “mas o impacto foi tão forte e profudo, que a diabetes acelerou o processo de deterioração da vista”, lamentou.
Desde os 12 anos que Helder é diabético, “sabia que se não estivessem controlados podiam provocar esta situação”, mas quando a ameaça se tornou realidade “foi um choque, tive de me habituar, o primeiro ano foi muito difícil e fechei-me em casa completamente”, recordou.
Entretanto, Helder conheceu o Centro de Reabilitação de Nossa Senhora dos Anjos, único no país na reabilitação de pessoas com cegueira adquirida. “Estive lá uns meses, regressei a casa e depois fui para a ACAPO (Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal)”.
À pergunta (aparentemente complicada) “o que é foi mais difícil no momento em que cegaste?”, a resposta foi imediata, “o que mais me custou foram os ditos amigos que me deixaram para trás, senti-o na pele e na altura tive muita dificuldade em lidar com isso”. Helder admite já aceitar bem a situação, “pus-me no lugar dessas pessoas, que sempre me viram de forma diferente: activo, andava de carro sem precisar de ninguém e neste momento preciso de toda a gente para poder dar um passo”...
“Tive de esquecer os meus sonhos e começar a vida do zero: habituar-me à situação, saber lidar com ela, com os problemas que vieram e agora é viver um dia de cada vez”.
Uma célebre dúvida de quem vê a vida com bons olhos consiste em comparar o cego que nunca teve oportunidade de ver as cores àquele que as teve no olhar e as perdeu. Na opinião de Helder, “uma pessoa que nasce invisual nunca viu o mundo à sua volta e aprende desde pequeno a ter uma noção diferente do que o rodeia, mas para uma pessoa que perde a visão, como é o meu caso, é muito complicado”...
Depois de também já Helder ter desrespeitado certas normas, “como estacionar onde não devo”, as barreiras arquitectónicas passaram a ser o prato do dia, “as cabines telefónicas porque a bengala anda por baixo, os sinais metidos no passeio, há muita coisa a mudar”...
“Neste momento procuro um trabalho que possa executar e onde seja útil”
Na altura em que sofreu o acidente, Helder trabalhava na construção civil e tinha a situação regularizada mas o processo de indemnização ainda está para resolver em Tribunal. Um adiar de decisão que muito tem descompensado o agora reformado Helder Siatra. “Quando tive alta fizeram-me apresentar no local de trabalho, mas o meu patrão escreveu uma carta de imediato a indicar que eu não tinha campo de visão e que não podia trabalhar. Tenho ido a várias consultas mas até ao dia de hoje não sei quanto vou receber, não sei de nada...”. Volvidos 4 anos, a seguradora mantém o silêncio “e posso até dizer que há mais de um ano que não oiço rigorosamente nada”. Até 2006, o trabalhador acidentado recebia 70% do ordenado, “pagavam-me as deslocações e as consultas de fisioterapia mas desde o dia em que tive alta nunca mais me deram nada”, afirmou.
Depois do acidente, Helder reformou-se por invalidez e recebe agora 230 euros mensais. Ainda que seja assunto sério “tem alguma graça”, brinca, “embora tenha poucos anos de descontos não considero o motivo suficiente para que uma pessoa como eu só receba esse valor”, reclama. Também a ACAPO - Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), que tem como fins estatutários a defesa dos direitos e a promoção da integração socioprofissional dos deficientes visuais – tem vindo a contribuir para o bem-estar do (agora) invisual. Todos os corpos sociais da Intituição são constituídos integralmente por pessoas deficientes visuais e a IPSS não vive de dinheiro do Estado, mas da Comunidade Europeia, “o que eu acho muito mal porque o próprio Estado devia dar mais condições a pessoas com deficiência”, contestou.
Para além da falta de apoio estatal, “estamos neste momento a passar por certas dificuldades que não deveriam existir: as coisas são mal feitas, o próprio presidente diz que a ACAPO não é uma Instituição de misericórdia e recusa a oferta de certas firmas que se dispôem a adaptar as salas de aula para os cegos. Ele recusa porque não pretende ser benemérito de caridade”. Dadas as circunstâncias, “penso que o pensamento está incorrecto e que ele devia lutar mais pelos nossos interesses”.
Apesar da falta de vontade em contar com ajudas (ainda que tendenciosas), a IPSS tem vindo a prestar um forte apoio a Helder, que foi colocado na Câmara Municipal de Almada como telefonista mas cujo contrato cessou ontem, dia 20 de Dezembro. O sonho imediato? “Procuro um trabalho que possa executar e onde seja útil”, confessou.
Para além da incapacidade, os suportes para invisuais são muito dispendiosos e a maior parte não tem forma de os adquirir, “tenho vários orçamentos daquilo que pedi para mim ao Fundo de Desemprego, computadores adaptados, telemóveis, identificadores de cores e de objectos, máquina de escrever braille, bengala, máquina para medir os diabetes que fala, tudo isso fica à volta de 10, 11 mil euros”.
Também o cão-guia pode ser solicitado gratuitamente, mas Helder recusa-se a optar por essa ajuda, “sou muito apegado aos animais e o cão só dura cerca de 10 anos, afeiçoava-me e quando morresse... prefiro ter uma bengla que quando se estraga deito fora, a ter um animal”.
Se a medicina evoluir no sentido do desejo dos invisuais, a resposta para a cegueira de Helder pode chegar dentro de uma década, com um transplante do globo ocular. Se tal acontecer, “vou querer olhos azuis”, diz o rapaz de olhos verdes, a sorrir.
Mas para já, a ideia seria apenas a do acesso à vida activa e o pedido tem toda a nobreza, “não lhe dês o peixe, ensina-o a pescar”, já diz o ditado...
Vantagens na contratação de invisuais
Contratar um empregado portador de deficiência pode ser não só apostar num bom profissional – pois dadas as circunstâncias é por norma cumpridor e dedicado – como uma forma de ver reduzir os encargos financeiros da empresa.
O material adaptado aos invisuais é colocado e financiado a 100% pelo apoio comunitário e existem diversos subsídios a atribuir às firmas que optem por essa causa. Exemplo disso está no pagamento dos impostos.
“Há um vasto leque de opções em que a firma pode ter proveito”, explica Helder Siatra, e ao contratar um invisual, por exemplo, a empresa estaria a ajudar-se tanto a si quanto ao funcionário.
As empresas interessadas em apostar nessas contratações podem recorrer à ACAPO ou a outras IPSS que só trabalham com pessoas com deficiência e “são as melhores para sugerir nomes para colocar nas empresas”.
Recorde-se que a deficiência é uma característica da pessoa e não a sua caracterização, não a trate como se ela tivesse outras incapacidades para além das relacionadas com a visão e privilegie a relação com a pessoa e não com a deficiência. Evite a desorganização e não coloque objectos em zonas de passagem. Com as ajudas técnicas e funcionais adequadas, a pessoa com deficiência visual não está, à priori, mais incapacitada que qualquer outra pessoa no exercício de uma actividade.
Na ACAPO, Helder tirou um curso generalista que lhe permite ser também telefonista, “vou concorrendo ao que possa aparecer”, explica. Há Instituições que promovem outros cursos, como o de fisioterapeutas massagistas, “era o que eu gostava, mas infelizmente também não posso devido à pouca mobilidade que tenho nos braços”, lamentou.
“Poste, poste, poste”, “obras, obras, obras”, são algumas das famosíssimas expressões utilizadas numa recente campanha que apela à integração de pessoas deficientes na sociedade. O alerta chegou a uma população já sensível à ideia de ajudar o “ceguinho” a atravessar a rua, mas parece não ter atingido os responsáveis pela igualdade de oportunidades no acesso ao Ensino e ao Emprego.
Helder Siatra teve uma infância e juventude como a dos outros rapazes da sua idade, praticou desportos radicais, chegou a correr de bicicleta, apaixonou-se por camiões, divertiu-se com os amigos, namorou, teve uma filha de olhos claros e cintilantes, como o próprio... “Neste momento, tudo o que eu gostava de fazer tive de deixar de lado”.
Foi no último dia de Inverno de 2004, com 28 anos, que teve um acidente de trabalho que lhe trocou as voltas à vida e o empurrou para uma nova e encardida realidade: a da cegueira. Depois de ter visto mundos e quase fundos, tornou-se invisual e teve de aprender a assimilar cada nova informação às escuras.
O maior presente que Helder poderia desejar para este Natal, seria, sem dúvida, a visão, mas dadas as características da retinopatia diabética que o afecta e a pouca esperança depositada numa recuperação, o seu desejo é outro: o de não ser discriminado no acesso ao Emprego e o de conseguir apoios para viver “às cegas”, mas de forma activa, como rapaz novo e inteligente que é, com o mínimo de segurança e dignidade.
Tal como o Helder, muitos outros portadores de deficiência aguardam entidades empregadoras com coragem para ajudar, até porque são vários os benefícios que lhes são aplicáveis.
“O que mais me custou na altura foram os ditos amigos que me deixaram para trás…”
O acidente aconteceu num dia de trabalho. Helder caiu do primeiro andar (cerca de 5 metros de altura) de uma obra e fracturou um calcanhar. Passados 6 meses fez um tac ao pé e só então os médicos perceberam que o mesmo não tinha cartilagem. “Fui operado em Novembro de 2005, levei 2 parafusos e em Dezembro do mesmo ano a médica detectou um derrame na vista direita, que teve de ser operado de urgência”, explicou.
Foi nessa altura que a sua condição de visual lhe começou a escapar por entre os dedos, “fui operado 3 vezes, em Dezembro, Fevereiro e Abril”, o que provocou o descolamento da retina e contribuiu para que cegasse da vista direita. O ano passado Helder teve de ser operado à vista esquerda, uma intervenção que lhe retirou o último campo de visão que tinha.
“Neste momento não vejo nada, nem sequer reflexos de luz e não tenho hipóteses de tratamento, devido à retinopatia diabética”, uma doença, que como o nome indica, é provocada pela diabetes.
O acidente não provocou a cegueira directamente, “mas o impacto foi tão forte e profudo, que a diabetes acelerou o processo de deterioração da vista”, lamentou.
Desde os 12 anos que Helder é diabético, “sabia que se não estivessem controlados podiam provocar esta situação”, mas quando a ameaça se tornou realidade “foi um choque, tive de me habituar, o primeiro ano foi muito difícil e fechei-me em casa completamente”, recordou.
Entretanto, Helder conheceu o Centro de Reabilitação de Nossa Senhora dos Anjos, único no país na reabilitação de pessoas com cegueira adquirida. “Estive lá uns meses, regressei a casa e depois fui para a ACAPO (Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal)”.
À pergunta (aparentemente complicada) “o que é foi mais difícil no momento em que cegaste?”, a resposta foi imediata, “o que mais me custou foram os ditos amigos que me deixaram para trás, senti-o na pele e na altura tive muita dificuldade em lidar com isso”. Helder admite já aceitar bem a situação, “pus-me no lugar dessas pessoas, que sempre me viram de forma diferente: activo, andava de carro sem precisar de ninguém e neste momento preciso de toda a gente para poder dar um passo”...
“Tive de esquecer os meus sonhos e começar a vida do zero: habituar-me à situação, saber lidar com ela, com os problemas que vieram e agora é viver um dia de cada vez”.
Uma célebre dúvida de quem vê a vida com bons olhos consiste em comparar o cego que nunca teve oportunidade de ver as cores àquele que as teve no olhar e as perdeu. Na opinião de Helder, “uma pessoa que nasce invisual nunca viu o mundo à sua volta e aprende desde pequeno a ter uma noção diferente do que o rodeia, mas para uma pessoa que perde a visão, como é o meu caso, é muito complicado”...
Depois de também já Helder ter desrespeitado certas normas, “como estacionar onde não devo”, as barreiras arquitectónicas passaram a ser o prato do dia, “as cabines telefónicas porque a bengala anda por baixo, os sinais metidos no passeio, há muita coisa a mudar”...
“Neste momento procuro um trabalho que possa executar e onde seja útil”
Na altura em que sofreu o acidente, Helder trabalhava na construção civil e tinha a situação regularizada mas o processo de indemnização ainda está para resolver em Tribunal. Um adiar de decisão que muito tem descompensado o agora reformado Helder Siatra. “Quando tive alta fizeram-me apresentar no local de trabalho, mas o meu patrão escreveu uma carta de imediato a indicar que eu não tinha campo de visão e que não podia trabalhar. Tenho ido a várias consultas mas até ao dia de hoje não sei quanto vou receber, não sei de nada...”. Volvidos 4 anos, a seguradora mantém o silêncio “e posso até dizer que há mais de um ano que não oiço rigorosamente nada”. Até 2006, o trabalhador acidentado recebia 70% do ordenado, “pagavam-me as deslocações e as consultas de fisioterapia mas desde o dia em que tive alta nunca mais me deram nada”, afirmou.
Depois do acidente, Helder reformou-se por invalidez e recebe agora 230 euros mensais. Ainda que seja assunto sério “tem alguma graça”, brinca, “embora tenha poucos anos de descontos não considero o motivo suficiente para que uma pessoa como eu só receba esse valor”, reclama. Também a ACAPO - Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), que tem como fins estatutários a defesa dos direitos e a promoção da integração socioprofissional dos deficientes visuais – tem vindo a contribuir para o bem-estar do (agora) invisual. Todos os corpos sociais da Intituição são constituídos integralmente por pessoas deficientes visuais e a IPSS não vive de dinheiro do Estado, mas da Comunidade Europeia, “o que eu acho muito mal porque o próprio Estado devia dar mais condições a pessoas com deficiência”, contestou.
Para além da falta de apoio estatal, “estamos neste momento a passar por certas dificuldades que não deveriam existir: as coisas são mal feitas, o próprio presidente diz que a ACAPO não é uma Instituição de misericórdia e recusa a oferta de certas firmas que se dispôem a adaptar as salas de aula para os cegos. Ele recusa porque não pretende ser benemérito de caridade”. Dadas as circunstâncias, “penso que o pensamento está incorrecto e que ele devia lutar mais pelos nossos interesses”.
Apesar da falta de vontade em contar com ajudas (ainda que tendenciosas), a IPSS tem vindo a prestar um forte apoio a Helder, que foi colocado na Câmara Municipal de Almada como telefonista mas cujo contrato cessou ontem, dia 20 de Dezembro. O sonho imediato? “Procuro um trabalho que possa executar e onde seja útil”, confessou.
Para além da incapacidade, os suportes para invisuais são muito dispendiosos e a maior parte não tem forma de os adquirir, “tenho vários orçamentos daquilo que pedi para mim ao Fundo de Desemprego, computadores adaptados, telemóveis, identificadores de cores e de objectos, máquina de escrever braille, bengala, máquina para medir os diabetes que fala, tudo isso fica à volta de 10, 11 mil euros”.
Também o cão-guia pode ser solicitado gratuitamente, mas Helder recusa-se a optar por essa ajuda, “sou muito apegado aos animais e o cão só dura cerca de 10 anos, afeiçoava-me e quando morresse... prefiro ter uma bengla que quando se estraga deito fora, a ter um animal”.
Se a medicina evoluir no sentido do desejo dos invisuais, a resposta para a cegueira de Helder pode chegar dentro de uma década, com um transplante do globo ocular. Se tal acontecer, “vou querer olhos azuis”, diz o rapaz de olhos verdes, a sorrir.
Mas para já, a ideia seria apenas a do acesso à vida activa e o pedido tem toda a nobreza, “não lhe dês o peixe, ensina-o a pescar”, já diz o ditado...
Vantagens na contratação de invisuais
Contratar um empregado portador de deficiência pode ser não só apostar num bom profissional – pois dadas as circunstâncias é por norma cumpridor e dedicado – como uma forma de ver reduzir os encargos financeiros da empresa.
O material adaptado aos invisuais é colocado e financiado a 100% pelo apoio comunitário e existem diversos subsídios a atribuir às firmas que optem por essa causa. Exemplo disso está no pagamento dos impostos.
“Há um vasto leque de opções em que a firma pode ter proveito”, explica Helder Siatra, e ao contratar um invisual, por exemplo, a empresa estaria a ajudar-se tanto a si quanto ao funcionário.
As empresas interessadas em apostar nessas contratações podem recorrer à ACAPO ou a outras IPSS que só trabalham com pessoas com deficiência e “são as melhores para sugerir nomes para colocar nas empresas”.
Recorde-se que a deficiência é uma característica da pessoa e não a sua caracterização, não a trate como se ela tivesse outras incapacidades para além das relacionadas com a visão e privilegie a relação com a pessoa e não com a deficiência. Evite a desorganização e não coloque objectos em zonas de passagem. Com as ajudas técnicas e funcionais adequadas, a pessoa com deficiência visual não está, à priori, mais incapacitada que qualquer outra pessoa no exercício de uma actividade.
Na ACAPO, Helder tirou um curso generalista que lhe permite ser também telefonista, “vou concorrendo ao que possa aparecer”, explica. Há Instituições que promovem outros cursos, como o de fisioterapeutas massagistas, “era o que eu gostava, mas infelizmente também não posso devido à pouca mobilidade que tenho nos braços”, lamentou.
Nova Morada, edição nº. 338, 21 Dezembro 2007