18.2.08

Corso inédito traído pela meteorologia
MOTARDS E JUNTA DE FREGUESIA DESENTENDIDOS DEVIDO AO MAU TEMPO

O mau tempo prometido para dia 3, domingo de Carnaval, levou a Junta de Freguesia da Quinta do Conde a anular o desfile programado para a Vila. Os motards do ‘El Conde’ não aderiram ao cancelamento e realizaram o corso sozinhos. Na terça-feira coube à Junta animar as centenas de populares que saíram à rua para assistir a um desfile que ficou marcado pelo excesso de público e falta de figurantes.

“Alerta Laranja” para o Interior e “Amarelo” para todo o Litoral de Portugal Continental. O aviso lançado pelo Instituto de Meteorologia (IM) para o Distrito de Setúbal prognosticava, para dia 3 de Fevereiro, uma “situação de risco para determinadas actividades dependentes da situação meteorológica”. A Câmara Municipal decidiu cancelar as festividades carnavalescas prometidas para domingo e a Junta de Freguesia da Quinta do Conde também, mas os populares não aceitaram a ideia com agrado.

Apesar de desconvocado minutos antes do seu início, o corso motard preparado pelo grupo “El Conde” decorreu conforme programado, com crianças e jovens trajados de palhaço a percorrer lentamente e sobre 2 rodas, a Avenida 1º. De Maio, sem esquecer a típica carrinha alegórica com samba e sambistas de reduzidas vestimentas.

O cortejo não autorizado pareceu, desde o início, azarado: uma das motas pegou fogo, outra avariou. Ainda assim, as viaturas do “El Conde” misturaram-se com automóveis de condutores embaraçados que de repente (e sem querer) faziam parte do desfile. A Guarda Nacional Republicana (GNR) não se avistou e ainda o cortejo ia no adro, já a população se manifestava indignada. “Este ano o desfile foi muito mal organizado” ou “onde é que está a GNR” foram as questões mais ouvidas antes de chegar a explicação: o festejo tinha sido anulado em cima da hora.

Porque “no Carnaval ninguém leva a mal”, os quintacondenses encararam o ocorrido com humor chegando a brincar com a festa anulada que chegou a acontecer. Já os populares que cederam materiais para o desfile ficaram ofendidos com a proposta de acabar com a brincadeira. “A Câmara não nos apoiou em nada, fomos nós que tivémos de ceder carrinhas e material para que o corso se realizasse”, explicou uma quintacondense que optou por não ser identificada e que defendeu que “quem devia decidir se havia cortejo ou não eram os populares e quem teve o trabalho”.

Apesar do “Alerta Amarelo”, o céu esteve escuro, houve alguma chuva mas não a suficiente para causar os danos previstos pelo IM. Se por um lado ‘mais vale prevenir do que remediar’, por outro houve a sensação de que o tempo decidiu pregar uma partida de Carnaval...

“Queremos ver se isto agarra de vez”

Descontentes com a sabotagem da meteorologia, os motards “El Conde” não compareceram à chamada de terça-feira de Carnaval. Uma decisão que Augusto Duarte, presidente da Junta de Freguesia da Quinta do Conde, lamentou. Também as colectividades locais “que se comprometeram” acabaram por faltar ao chamamento de terça-feira, um boicote que indignou o presidente e que fez do Carnaval de 2008 o “mais fraco a nível de participações”. Ainda assim, Augusto Duarte aponta para “4 a 5 mil” o número de assistências ao desfile, o maior que já se presenteou no evento desde que preside a Junta local. “A Avenida (1º. De Maio) estava cheia de gente, desde a sede da Junta até ao Grupo Desportivo e Cultural do Conde 2”, declarou ao Nova Morada.

7 mil euros seria a verba a gastar com o Carnaval da Quinta do Conde, um montante que não foi investido na totalidade devido às colectividades faltosas. Ainda assim, a Junta contratou uma firma de Alhos Vedros que preparou “2 carros alegóricos muito bonitos, cada um com capacidade para 8 jovens dançarinos” e onde desfilou a rainha do Carnaval.

Às colectividades faltosas, Augusto Duarte enviou o recado, “a Cultura não se limita a apoios, também têm de colaborar nas iniciativas previstas para a Vila”. O presidente deixou ainda a ressalva para o Grupo Coral Voz do Alentejo que “já tinha o carro preparado” mas que por falecimento de uma das pessoas do grupo decidiu anular a sua presença nas euforias carnavalescas.

Porque “foi giro, foi bom” e “foi a vez em que apareceu mais gente”, o presidente da Junta quer investir cada vez mais no Carnaval. “Começam-se a fixar aqui muitas pessoas, a vida está má e a entrada para Sesimbra é complicada” e a esperança é que os populares acorram cada vez mais ao Carnaval da Quinta do Conde, “queremos ver se isto agarra de vez”!

Para 2009 há já oficinas dispostas a apoiar a iniciativa e a Junta irá em breve mobilizar mais pessoal. A escola de samba que conta com cerca de 15 inscritos retoma em Abril e está de portas abertas para receber todos os interessados.

“Este ano, até jovens de Fernão Ferro participaram no desfile”, outro pormenor que motiva o presidente da Quinta do Conde a apostar cada vez mais no Carnaval...

Nova Morada, edição 341, 15 Fevereiro 2008