28.10.07

Escoteiros de Fernão Ferro
“ACORDAR” NO JARDIM VILA MORENA

Foi em 1907 que Baden Powell realizou o primeiro encontro de escoteiros sem poder desconfiar que tal iniciativa iria contribuir para um dos movimentos solidários juvenis mais populares em todo o mundo. Mal sabia que a 21 de Outubro de 2007, 100 anos volvidos sobre o acampamento, uma pacata Freguesia portuguesa, de seu nome Fernão Ferro, viria a erguer uma placa e um mural em sua homenagem: ao homem que conseguiu “acordar os jovens acampados para o escotismo e para a ajuda ao próximo”, conforme declarou Paulo Valido ao Jornal do Seixal.

Foi com pompa e circunstância que escoteiros de Fernão Ferro abriram os braços para ali receber o executivo local e grupos vindos de outros pontos do Distrito de Setúbal para em conjunto homenagearem o inglês Baden Powell. O pai do escotismo faz agora parte do Jardim Vila Morena, onde poderá ser recordado e terá o objectivo de abanar as mentes mais inertes para a realidade da vida e que visa a formação moral, intelectual e física do homem através do desenvolvimento das virtudes cívicas e de um estreito contacto com a natureza.

“Porquê hoje?”, questionou Paulo Valido, chefe do grupo, ao que de imediato respondeu, “porque hoje estamos também a realizar o aniversário da comunicação rádio”, período em que se realiza um encontro mundial dos escoteiros por essa via.

Com o intuito de partilhar experiências e trocar moradas para mais tarde apostar em intercâmbios, o grupo de Fernão Ferro contou com o apoio de técnicos que fizeram a montagem de rádios que permitem alternar diálogos com escoteiros dos quatro cantos do Mundo. “Falamos inglês, francês e algum espanhol”, explicou Paulo Valido, que encara como vantajoso o facto dos portugueses dominarem bem as línguas estrangeiras. Entre as frases soltas proferidas, o essencial é “desejarmos uma boa caça”, um ofício que não se refere à matança de animais mas “ao conseguirmos sempre aprender alguma coisa”, explicou.

A actividade foi suportada pelo grupo e “sem qualquer apoio”, conforme sublinhou o instrutor, que pretende aproveitar a nova ligação à internet para manter o posto aberto não 3 a 4 horas nas manhã de sábado, como era habitual, mas grande parte do dia, de forma a receber escoteiros e amigos, “até porque em Fernão Ferro não existe um posto público destinado ao acesso à internet”, justificou.

Paulo Valido entrou no escotismo aos 10 anos, “já cá estou há mais de 40 e continuo”, um motivo válido que o leva a acreditar no escotismo como um lema a aprender na juventude e a assumir durante a vida, “aqui os jovens aprendem a fazer, a criar, a partilhar com o próximo e com a natureza”.

O grupo pertence aos Escoteiros de Portugal, a primeira Associação do género fundada em território nacional, em 1911 em Macau, no ano seguinte em Lisboa e que em 1913 se fundiu dando lugar a uma associação pluralista e que não está associada a nenhuma confissão religiosa. “Eu particularmente sou católico e vou à missa todas os domingos mas não sou preso se o não for”, defendeu Paulo Valido, acrescentando que “aceitamos pessoas de todas as religiões que se dirijam à nossa sede ou que se inscrevam no ‘site’ geral da associação”, em www.escoteiros.net. O grupo deu os primeiros passos em 2002, no parque das lagoas, pouco depois iniciou a colaboração com jovens e está sedeado, desde 2006, nas instalações da Associação Dinamizadora de Urbanização e Promoção Social de Fernão Ferro - ADUF.

Para além dos 25 elementos do grupo 210 da AEP de Fernão Ferro presentes, a homenagem contou ainda com os grupos 40 de Palmela, 123 do Montijo, 173 da Charneca da Caparica, 211 da Costa da Caparica e de grupos “que estamos a abrir na Quinta do Conde e Azeitão”, concluiu Paulo Valido.

Jornal do Seixal, edição nº. 26, 27 Outubro 2007