Visivelmente bem disposto e acompanhado pela equipa, entre golos de um vinho tinto e confusões, como aquela em que a jornalista lhe lembrou um amigo defunto, assim foi falando dos seus projectos e reparos sobre o Concelho e o País. A seu ver, “tudo isto está meio baralhado”...
Rui Veloso - Não sei se me orgulho... Pronto, orgulho-me... Tenho que levar com isso há anos, mas não sei! Sou uma pessoa que sempre teve mestres e sou um eterno discípulo e pai dos meus filhos!
Rui Veloso - São muitos, aqueles com quem tenho vindo a aprender. É o caso do Tom Jobim e do Zeca Afonso, mas admiro tantos compositores que se torna complicado enumerá-los...
Rui Veloso - Os meus discos são sempre variados, mas a forma como toco guitarra tem sempre os blues incorporados. Sou influenciado por músicas de toda a parte do mundo, americana, sul-americana, árabe, espanhola, paquistanesa, francesa... alemã ouço pouco... mas até gosto de música da Mauritânia, por exemplo...
Rui Veloso – Não, as letras são do Carlos Tê que me acompanha há 27 anos e que é muito melhor do que eu...
Rui Veloso – Os piores são sempre quando um gajo não tem nem dinheiro nem esperança e sente que vai ser para sempre um enorme teso... isso é mau! De qualquer forma trabalhamos... O melhor da minha vida são os meus filhos...
Rui Veloso – Um ponto alto de realização pessoal foi tocar com o B.B. King, com certeza...
Rui Veloso – Eu?!?!? Claro que sim, ainda hoje o disse! Quando era miúdo vinha aqui para o Hotel de Sesimbra, ainda isto era outro planeta e não tinha nada a ver com o que é hoje!
Vim até aqui uma ou duas vezes almoçar com o meu tio e depois seguíamos para Lisboa... Foi há muitos, muitos anos atrás...
Rui Veloso – Acho que em Sesimbra, como em outros concelhos do país, construiu-se demais! Deixamos construir sem planeamento e desfiar uma zona que é bonita mas que com a construção civil desordenada e sem programação fica mais feia... Este fenómeno tem vindo a acontecer em Sesimbra ao longo dos anos, as culpas são de muita gente e os exemplos estão no país todo, do Algarve até ao Norte...
Rui Veloso – Sim, basta ver fotografias de Sesimbra há 50 anos! Havia aqui um potencial extraordinário que obviamente foi estragado... talvez se possa corrigir alguma coisa, mas o furor do betão e dos empreiteiros estragou muito no nosso país!
Rui Veloso – Falta é um bocadinho de espaço que foi ocupado pelo betão, que não devia nem podia ser tanto... não sei como é que isso se vai resolver...
Rui Veloso – Não sei... Apesar do público, Portugal é um país que não incentiva a sua própria música, passa pouco na rádio, não liga, canta muito em inglês e nós somos latinos e mediterrânicos... apesar da herança árabe canta-se muito em inglês e nós não somos anglo-saxónicos! Tudo isto está meio baralhado, por isso não sei! Comecei há 27 anos a cantar em português e insisto em mantê-lo, não vou agora começar a cantar em inglês!
Nova Morada, Edição 324, 04 Maio 2007