23.8.07

Escola D. João de Castro
Abre à Indústria Electrónica e à Infância

Depois de inúmeros protestos que não impediram o seu fecho, a Escola D. João de Castro, na Freguesia de Alcântara vai reabrir em 2008 para o Ensino Secundário indo também apostar num Centro de Formação Profissional da Indústria Electrónica e num Jardim de Infância.

O planeamento, gestão e execução da intervenção ficará a cargo da Empresa Parque Escolar - EPE, uma entidade pública empresarial que é tutelada pelo Ministério da Educação – ME, e que tem em vista “concretizar um ambicioso programa de modernização das escolas”, no qual irão ser investidos cerca de “mil milhões de euros até 2016”.
Segundo o Ministério, “não se trata, “apenas”, de investir mais dinheiro, mas de investir mais e melhor, de acordo com um planeamento exigente de modernização e conservação, respeitador da evolução dos modelos pedagógicos, da autonomia e responsabilidade das escolas, bem como de princípios da racionalidade económica na gestão futura, duradoura e sustentada, dos edifícios e dos espaços escolares”.
A ex-Escola Secundária com 3º Ciclo D. João de Castro “
pertence ao primeiro grupo de escolas a beneficiarem de obras” e para a qual ficou a promessa de ali ser criado um pólo de Ensino Secundário e Profissional, sendo-lhe “afectado um espaço para funcionamento de Jardim de Infância, preferencialmente o actual edifício oficinal anexo, com duas salas”, avançou o Ministério.
As obras ficam a cargo do Município e “em consonância com o projecto a desenvolver pela EPE”.

Presidente teme segundas intenções

Joaquim Granadeiro, presidente da Junta de Freguesia da Ajuda, declarou que conheceu os novos projectos através da Comunicação Social, uma surpresa cujas intenções “esperemos que sejam postas ao serviço da população” e que não representem “uma solução para mais tarde a Escola ser privatizada”.
Muitas foram as vozes que se levantaram contra a iniciativa do Governo quando este decidiu o fecho da D. João de Castro, em 2006, uma decisão justificada com o insuficiente número de turmas que ali estavam a funcionar, mas que não fez sentido para as Juntas e Assembleias de Freguesia de Alcântara e Ajuda, para a Câmara e Assembleia Municipais de Lisboa, para o Parlamento e para uma vasta fatia da comunidade escolar e personalidades dos diversos quadrantes políticos nacionais, muitas delas que ali chegaram a estudar.
Na opinião de Joaquim Granadeiro, “o fecho da Escola foi planeado ao longo do tempo”, uma opinião que fez correr rios de tinta nos jornais e que não ficou imune às críticas, afinal “a falta de alunos só existiu porque há 4, 5, 6 anos tomou-se a decisão de não permitir inscrições para novos alunos a partir do 7º ano”, uma razão óbvia para justificar o reduzido número de alunos inscritos.
Os argumentos do Ministério não foram aceites, havendo a suspeita de por trás dos motivos invocados, a questão estar relacionada com interesses imobiliários. A entrada principal da Escola chegou a ser encerrada a cadeado por várias vezes, uma petição com mais de sete mil assinaturas entregue, 397 - número de afectados entre alunos e funcionários - balões oferecidos ao Ministério, uma providência cautelar interposta, chegando-se mesmo a realizar uma vigília aberta a toda a população.
E depois da imensa contestação, fica a dúvida mas também o regozijo para todos os que lutaram para manter abertas as portas de uma Escola com mais de meio século, situada no Alto de Santo Amaro e com vista privilegiada sobre o Tejo, repleta de pátios verdes onde não faltam pássaros, pavões e mesmo esquilos.
“Pensei que a D. João de Castro fosse fechada por questões imobiliárias, mas espero que seja realmente assim… de qualquer forma, continuo a achar que há outras decisões por trás desta intenção e que mais cedo ou mais tarde vá ser vendido”, concluiu o autarca com a justificação de que “aquele é um espaço que vale bastante dinheiro”.


Jornal do Bairro, edição nº 9, 25 Maio 2007