10.9.07

Da Weasel
“HÁ UM ESPÍRITO DE UNIÃO NA MARGEM SUL”

‘As Doninhas’ dispensam grandes apresentações por estas bandas…
Surgiram em Almada e contribuiram para que o hip-hop nacional fosse rotulado, justa ou injustamente, como um género musical da Margem Sul.

Após 14 anos de estrada e como vem sendo habitual sempre que actuam em casa , os Da Weasel arrastaram, no dia 31 de Agosto, uma multidão de jovens que a uma só voz acompanharam cada tema entoado nas Festas de Corroios. O Jornal do Seixal falou com Jay Jay, baixista da banda, ou ‘doninha-pêlo-preto’, seu alter-ego, por “amar a paz e o sossego” e abominar “as coisas complexas”.

Porque é que adoptaram a doninha como mascote?
Quando começámos, idolatrávamos uma banda norte-americana que tinha o tema “Pop Goes the Weasel”. Aproveitámos o nome por incorporar valores que também possuíamos e porque o achámos indicado para representar o nosso grupo, um bicho saudável e um pouco incomodativo…

Era essa a vossa intenção, incomodar consciências?
Não, não queríamos incomodar, mas achámos a doninha uma boa opão.

Existe a ideia estereotipada de que todo o hip-hop nacional deriva da Margem Sul. A culpa é vossa?
Talvez… O primeiro registo em disco a navegar pelas águas do hip-hop foi o nosso. Logo depois (1994) saiu a colectânea ‘Rapublica’ que era composta por diversas bandas da Margem Sul, deve ser por isso que herdámos esse rótulo.
Isto pode ser um pouco injusto para quem faz realmente hip-hop, porque os Da Weasel exploraram diversas áreas musicais e têm muita variedade de sons. Mas não há nada a fazer quanto a isto, nesta altura do campeonato…

Da Weasel não é rap nem hip-hop. Como é que se define o vosso estilo musical neste momento?
Desde o primeiro momento que apostámos neste estilo. No nosso primeiro disco, o single ‘Good Bless Johnny’ era voltado para o rock, tal como agora…
Começámos por ter 3 músicos, um baixista, um guitarrista e um baterista, o que nos difere logo de um projecto de hip-hop, que aposta em mc’s (microfone).
Nós partimos do hip-hop para o rock, o reggae, ou o hard-rock… Costumamos dizer que o nosso estilo é apenas ‘Da Weasel’, nem nós nem os nossos fãs o podem definir…
Simplesmente fazemos a música de que gostamos!

A ‘ternura’ (tema) foi a grande vencedora das cantigas de ‘Amor, Escárnio e Maldizer’. No novo álbum, qual é a tua música preferida?
(Pausa)… Talvez a ‘Palavra’, que foi produzida por Bernardo Sassetti. Esta é a minha opinião pessoal, se calhar pela forma como a música surgiu e porque este é um dos artistas que mais admiro em Portugal. Estive numa angústia para que ele aceitasse interpretar este tema escrito por mim. Para além disso, o ambiente é completamente diferente do que fizémos até agora.

“Neste disco tivémos uma dificuldade enorme em justificar as interpretações!”

Porque é que convidaram o Gato Fedorento a participar neste último álbum?
Neste disco tivémos uma dificuldade enorme em justificar as interpretações!
Os Gato são, enquanto artistas, indivíduos que admiramos imenso, eles são exímios no escárnio, são os novos jograis de hoje em dia e tinham tudo a ver com este disco, cantigas de ‘Amor, Escárnio e Maldizer’!
O Gato era o colectivo ideal, até porque somos fãs deles…

E porquê a presença do Simão Sabrosa? Vocês têm alguma tendência benfiquista?
O Simão Sabrosa é uma pessoa que todos os elementos da banda – até o Virgul, que é Sportinguista – admiramos. Enquanto atleta é muito bom e é o ideal para completar a última música do disco, ‘Bora lá fazer a p*** da Revolução’. Esta música parodia o cidadão comum, que está disposto a fazer a Revolução mas se o Benfica jogar acaba por adiar essa Revolução… O Simão não entra aqui de pára-quedas, entra para finalizar um tema que só faz sentido com este remate. E repara, esta música também é uma auto-crítica!

O grupo vai actuar no Pavilhão Atlântico, dia 10 Novembro. O que é que este espectáculo representa?
Representa um enorme desafio, talvez o maior da nossa vida até agora, porque nós somos os artistas responsáveis por encher a casa. A lotação máxima deste espectáculo é de 18 mil pessoas e uma celebração num espaço assim implica uma enorme produção… vai ser muito especial e vamos procurar ter ali muitos amigos, muitas vozes de músicos e artistas convidados, que já participaram noutros discos.
Este espectáculo é um privilégio, um desafio muito difícil e estamos a trabalhar bastante para que corra o melhor possível!

Os Da Weasel são de Almada, o Jornal é do Seixal… vou pedir-te um comentário quanto ao seu todo, que é a Margem Sul...
(Pausa)…
Penso que há um espírito de união e de entre-ajuda entre a população da Margem Sul. Já falei sobre isto e não é por ser daqui, mas este espírito é difícil de encontrar noutras Regiões… Já tocámos em vários sítios e não há um orgulho tão grande em relação a uma Região como há aqui!

Jornal do Seixal, edição nº 22, 8 Setembro 2007